sábado, 14 de fevereiro de 2009

MOVIMENTO SOCIAS RETOMAM MOBILIZAÇOES EM DEFESA DO MANDATO DE JACKSON LAGO



O governador Jackson Lago conta com o apoio de líderes internacionais de destaque




O julgamento do pedido de cassação do governador Jackson Lago (PDT), no próximo dia 19, pode marcar um divisor de águas na história do Maranhão. Atos de resistência à tentativa de golpe na justiça incluem presenças em São Luís do líder nacional do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, e do ex-senador pelo Amapá, João Capiberibe.

Começa neste domingo (15) uma semana decisiva para a democracia no Maranhão. Na próxima quinta-feira será julgado, no Tribunal Superior Eleitoral, o processo movido pela coligação "Maranhão – a Força do Povo", que apoiou a candidata Roseana Sarney (DEM) nas eleições de 2006, pedindo a cassação do governador Jackson Lago e do vice–governador, Luís Carlos Porto.

Em função da importância desta semana para o futuro do Maranhão, os movimentos populares, que já em dezembro tinham se organizado na resistência à cassação do mandato do governador Jackson Lago em torno do acampamento “Balaiada”, agora retomam as atividades. A partir de hoje, 15, e até a próxima quinta-feira, haverá uma extensa agenda que começa com uma grande carreata programada para este domingo por vários bairros de São Luis.

A mobilização se intensificará ao longo da semana, culminando nos dias 18 e 19 com atos públicos e caminhadas pelo centro de São Luis e diversas atividades no interior do Estado.

Entre os convidados nacionais dos movimentos populares que já confirmaram presença em São Luís nos dias 18 e 19 estão João Pedro Stédile, João Capiberibe, a deputada federal (AP) Janete Capiberibe e a ex candidata ao Senado pelo Amapá, que quase derrota Sarney nas últimas eleições, Cristina Almeida. Também estará aqui o fundador do PT no Estado, Manoel da Conceição – personalidade eminente na luta pela terra no Maranhão.

Curiosidades - De forma paralela, mas com muito menos repercussão na mídia do Maranhão, por várias razões óbvias, continuam as investigações das atividades de Fernando Sarney, filho do atual presidente do Senado, por parte da polícia e do Ministério Público sob acusação de financiamento ilegal da campanha de Roseana Sarney nas mesmas eleições, em 2006.

Mas, se no Maranhão certa mídia – controlada pela família Sarney – ignora esses fatos, o mesmo não ocorre a nível nacional. O fato de José Sarney ter sido reconduzido à Presidência do Senado deu nova atualidade ao tema das circunstâncias em que o poder político e econômico dessa família foi construído, ao longo de décadas, começando com o papel desempenhado pelo ex-presidente na época da ditadura militar, quando - aliados dos militares - conseguiu ser eleito governador do Estado.

No marco dessas denúncias, foi lançado no dia 19 de dezembro do ano passado, em São Luís, o livro “A Invenção de uma Rainha de Espada” (Editora da Ufma), tese de doutoramento da professora Maria de Fátima da Costa Gonçalves, da Universidade Federal do Maranhão. A tese faz um estudo da evolução do poder da família Sarney, começando pela Lei de Terras de 1969 que instituiu e favoreceu o início do processo de ocupação do Maranhão pelos grandes grupos agropecuários, com o conseqüente aumento do latifúndio. A tese lembra que todos os governadores maranhenses entre 1970 e 2004, (com a única exceção de Nunes Freire – 1974/1979), tiveram como principal apoio político o ex-presidente Sarney.

Não é difícil entender porque quando, em 2006, Roseana Sarney perdeu a eleição para uma coligação que propunha um outro tipo de desenvolvimento para o Estado, a forma de tentar manter-se no auge foi a opção por um “golpe na justiça eleitoral”, como o apelidou o eminente jurista Francisco Rezek.

Mas não é só a mídia nacional que anda investigando a vida e a acumulação de poder da família Sarney. Foi amplamente divulgada no Brasil a reportagem da prestigiosa revista inglesa “The Economist” intitulada "Onde dinossauros ainda vagam". A matéria comenta o passado político do ex-presidente e qualifica sua eleição pela terceira vez para a Presidência do Senado como um regresso a uma era de políticas semi-feudais que ainda prevalecem em algumas regiões do Brasil.

A revista também afirma que o poder da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma transmissora de TV associada à Rede Globo, que, no meio da programação, "costuma exibir reportagens favoráveis ao clã".

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