Sarney e Lula discutem sucessão no Senado
Ter, 20/01/09
por Décio Sá
categoria Política Nacional
Por Renata Giraldi (da Folha Online)
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta segunda-feira à noite por cerca de uma hora com o senador José Sarney (PMDB-AP) - apontado como o nome ideal para disputar a sucessão à presidência do Senado. A Folha Online apurou que a menos duas semanas das eleições, Lula delegou ao PMDB a articulação em favor da candidatura de Sarney pois teme que sua interferência atrapalhe nas relações com a base aliada e cause efeitos nas disputa em 2010.
A conversa entre Lula e Sarney foi adiada por três vezes. Em duas ocasiões, faltavam articulações políticas e na última, na semana passada, o peemedebista alegou que estava resfriado e não tinha condições de se reunir com o presidente. Antes do encontro com o presidente, Sarney aguardou por quase uma hora porque Lula estava reunido com representantes de seis centrais sindicais para discutir sobre os efeitos da crise financeira internacional e eventuais demissões.
Desafio
A sucessão no Senado se tornou um desafio para Lula. A disputa pelo comando da Casa envolve aliados do governo federal, como o petista Tião Viana (AC), que reitera que não abrirá mão de sua candidatura, e o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), insiste em tentar a reeleição. Senadores que acompanham as negociações afirmam que o nome de Sarney arregimenta votos na oposição. Em compensação, o PT não aceita negociar a possibilidade de abandono da candidatura de Tião, enquanto Garibaldi deu sinais de que poderá desistir, se o PMDB ficar com Sarney.
Paralelamente, Tião obteve de interlocutores de Lula a informação de que o Palácio do Planalto não interferirá nas eleições do Senado. O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) negou articulações em favor de Sarney e comenta em conversas com políticos que faz campanha para o petista.
Reflexos
A eleição no Senado ocorrerá no dia 2 de fevereiro. No mesmo dia vai ser realizada a eleição na Câmara, cuja disputa envolve quatro deputados: Aldo Rebelo (PC do B-SP), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Ciro Nogueira (PP-PI) e Michel Temer (PMDB-SP), que é apontado como o favorito. De acordo com parlamentares, as eleições nas duas Casas estão interligadas pois um eventual rompimento de acordo - no qual PT e PMDB estariam juntos no Senado– influenciará diretamente nas negociações na Câmara.
O fim de um acordo no Senado, segundo políticos, pode atrapalhar a base política construída por Temer na Câmara - que engloba 12 legendas e deve atrair PDT e PRB nos próximos dias. No entanto, aliados do peemedebista negam que as duas campanhas tenham dependência. Segundo aliados de Temer, a campanha do peemedebista não sofrerá eventuais baixas - no caso de deputados do PT. Favorito na disputa, o peemedebista desembarcará amanhã (20) em Brasília, depois de passar o final de semana em São Paulo.
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