terça-feira, 30 de junho de 2009

ROBERTO LOBATO ENTREVISTA, JACKSON LAGO


POR ROBERTO LOBATO:
Depois de uma hora e meia “batendo um papo” com o governador Jackson Lago (governador, sim, pois foi quem o povo elegeu) saí com a impressão de que o líder pedetista continua o mesmo homem e político decidido a ser ator protagonista da luta pela libertação do estado do Maranhão.
Estive diante de um cidadão simples, de hábitos simples. Fiel ao manequim ao melhor estilo Leonel Brizola, calça jeans e camisa manga longa em tom azul, o governador me recebeu no seu apartamento e conversamos de forma muito tranquila e à vontade sobre o momento político pós-golpe, governo Roseana, governo Jackson e as perspectivas das oposições para 2010. Ao final do bate papo, pedi que o governador emitisse opinião sobre as principais lideranças oposicionistas do Maranhão. Veja, a seguir, os principais pontos do “bate papo” com o governador Jackson Lago.
CASSAÇÃO
Confesso que cometi um erro de avaliação. Não achava que o Sarney teria a coragem de usurpar a vontade popular da forma como fez. Sabia que teria que enfrentá-lo na oposição com todo o poder que possui na República, mas quando percebemos que ele estaria disposto, a qualquer custo, patrocinar politicamente o golpe conta a vontade do povo, já era tarde.
O PODER DE SARNEY
O senador Sarney foi presidente do partido da ditadura. Foi por muito tempo homem de confiança da ditadura e lutou contra as diretas [eleições diretas para presidente]. Mas depois deu um mergulho e apareceu como candidato a vice-presidente, das forças conservadoras, na chapa do saudoso Tancredo Neves. O Tancredo falece e Sarney vira presidente do Brasil. A partir da sua ascensão à presidência da República, Sarney se fortalece e Maranhão perde. Sarney como presidente do Brasil foi a pior coisa que poderia acontecer para o Maranhão. Ou seja, um político que serviu à ditadura militar desde o começo, que comandou a Arena, foi presidente PDS e depois vira presidente do Brasil. Fez um governo fisiológico, distribuiu cargos nos três poderes. Em seguida vira senador por outro estado, presidente do Senado. Muitos acham que o Sarney possui apenas seis senadores, três do Maranhão e três do Amapá. Mas não, depois dos escândalos do Senado, sobretudo com a divulgação da existência de 181 diretorias, mostra que o Sarney tem muito mais do que seis senadores. Ele criou uma rede de relacionamento através de distribuição de cargos, que permite a gente supor que ele tem entre 20$ a 30% do Senado, daí, inclusive, a fragilidade do presidente Lula em relação a ele. Esse conjunto de fatores explica o seu poder. Alguém da política maranhense dise que o Sarney é do PC, mas não é o Partido Comunista não. É o Partido da Cortiça.
A cortiça que nunca afunda, sempre volta para cima. [essa frase teria sido dita pelo ex-governador, ex-oposicionista ao grupo Sarney e atual senador, Epitácio Cafeteira].
O GOVERNO JACKSON
Avançamos em muitos pontos. Descentralizamos a gestão pública em duas frentes importantes. Em primeiro lugar, institucionalemente, através dos convênios com os municípios, inclusive possibilitando que as cidades fizessem obras que por natureza seria do estado. Ou seja, fortalecemos a municipalidade através de repasses legais do meu governo.
Em segundo lugar, avançamos na descentralização política, ou seja, através da ‘fóruns populares”, onde a sociedade civil organizada participava das discussões das políticas governamentais, inclusive muitas das demandas populares foram contempladas no orçamento do Estado.
Contudo, não avançamos no sentido de trazer para dentro do governo as entidades populares. Queria ter feito com que os movimento populares e sociais estivessem mais próximos da estrutura do governamental, mas não consegui. Penso que falta uma cultura de gestão doutrinária no país, conforme os programas dos partidos.
Também construimos escolas e estradas em um número jamais visto na história do Maranhão e, diga-se de passagem, com recursos próprios, pois não tínhamos ajuda do governo federal.
RELAÇÃO COM OS ALIADOS
O nosso governo foi fruto da composição que ganhou as eleições do segundo em 2006. Tivemos que formar o governo segundo essa configuração de forças políticas. É difícil conciliar interesses tão divergentes, mas fizemos o possível para não deixar os nossos aliados sem terem as suas demandas políticas atendidas. Veja só, essa curta experiência no governo, curta por causa do golpe, fez eu me deparar com coisas que antes não conhecia. Por exemplo, vi companheiros se eleger pelo partido, tendo apoio do partido, virar deputado e depois querer falar grosso, cobrar do governo isso e aquilo, quando poderia era apontar caminhos, cooperar etc. [Nesse momento me recusei a perguntar ao governador sobre quem ele estava se referindo. Deixo aos analistas mais atenciosos descobrirem a "charada"].
GOVERNO ROSEANA SARNEY
O governo ilegítimo da senhora Roseana Sarney Murad trás de volta o centralismo administrativo. Essa agressão contra os municípios é a prova de que ela não respeita e não gosta da municipalidade. Sequestrou os recursos que o meu governo conveniou os municípios numa clara demonstração de que deseja ter os prefeitos mendigando, que cheguem com o pires na mão aos seus pés.
Outra coisa, não adianta querer depositar culpa em ninguém ou dizer que quem manda no governo é esse ou aquele secretário, ou mesmo no vice-governador. A senhora Roseana Sarney Murad é responsável por tudo o que acontece no seu governo.
FRENTE DE LIBERTAÇÃO DO MARANHÃO
Tenho posição bem clara quanto à reedição de Frente de Libertação. Defendo desde já a unidade das oposições em torno de um único nome para enfrentar a oligarquia Sarney. Temos as pesquisas que podem ajudar na escolha do nome mais adequado para esse processo. Não podemos esquecer da importância da eleição para o Senado, onde o Sarney é forte. Não estarei no encontro de Pinheiro, por questões de saúde, mas reconheço a importâncias de movimentos dessa natureza. O ex-governador José Reinado me ligou, mas estou dedicando o meu tempo a minha saúde.
2010
Minha prioridade nesse momento é a minha saúde. Trabalhava de doze a quinze horas por dia e pouco preocupava com a minha saúde. Minha família chegou exigir que eu deixasse a política de vez. Mas eles sabem que nessa altura a minha vida não pertence a mim nem a eles, mas ao povo do Maranhão. A Clay, meus filhos, todos conviveram no ambiente político. Meu filho, Igor, estudou em Cuba, minhas filhas sempre foram militantes sociais, então é difícil deixar a política assim, principalmente depois da violência que a democracia maranhense sofreu. Ainda não sei como me apresentarei ao povo maranhense em 2010, aliás, nem sei se serei candidato a alguma coisa. O povo é quem decidirá, e as pesquisas científicas devem ser levadas em conta no processo de escolha dos nomes.
LIDERANÇAS DE OPOSIÇÃO
José Reinaldo - Desempenhou um papel fundamental ao romper com o grupo Sarney e somar com as oposições. É nome que está à disposição da luta contra o grupo Sarney.
Edson Vidigal - Também rompeu o Sarney e veio unir-se às oposições. Foi um aliado fundamental para ganharmos as eleições no segundo turno das eleições de 2006.
Domingos Dutra - O companheiro Dutra nos surpreende a cada dia. Foi um baluarte na defesa do governo democrático, um lutador incansável em defesa da nossa democracia. Tem uma vida inteira dedicada às causas populares e dos mais humildes.
João Castelo - Um parceiro político que desfruta de grande reconhecimento por parte da população maranhense. Deverá, com a sua experiência administrativa, fazer uma boa gestão frente à cidade de São Luis. Politicamente terá grande peso nas lutas futuras.
Flávio Dino - Um político novo que vem da magistratura. Está no seu primeiro mandato, é jovem. Tem pouco tempo na política, faz um bom mandato de deputado federal.
Roberto Rocha - Um jovem talentoso, competente e conhecedor do Maranhão. Está credenciado a postos mais importantes da política do estado no futuro. Um grande companheiro.
Postado por Elcinho Girio às 7:57:00 AM 0 comentários
Quinta-feira, 4 de Junho de 2009

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